segunda-feira, 29 de março de 2010
BMW X6 ameaça padrão de híbridos
A BMW tem um problema: a pretensiosa clientela de South Beach, em Miami, que adora as impraticáveis picapes de 70 mil dólares e quatro assentos (aquelas com motores V8 biturbo de 400 cv) pode um dia começar a se preocupar com economia de combustível. Eles poderiam colocar um X5 a diesel em suas garagens de mármore se as coisas práticas não fossem tão desinteressantes.
Conheça, então, o ActiveHybrid X6, uma grande solução para um grande dilema de novos-ricos repentinamente conscientes com relação ao meio ambiente. Estamos usando a palavra “grande” porque a idéia de um BMW híbrido tem um grande problema: todas as desvantagens de um sistema híbrido completo (a estranha sensação não-linear dos freios, a direção elétrica que parece artificial, a falta de relações de marchas fixas) travam um duelo equilibrado com as virtudes de Máquina de Dirigir Suprema que fizeram da BMW um sucesso.
Mas note que nós também usamos a palavra “solução”. O X6 prova que, com alguma engenharia criativa, os híbridos não precisam ser menos envolventes que seus equivalentes que só rodam com gasolina.
X6 pode desligar o motor V8 em velocidades de até 60 km/h e andar até 2,5 km apenas com o motor elétrico
Para evitar cair nas armadilhas comuns aos híbridos, o ActiveHybrid X6 usa alguns truques novos. Primeiro, ele utiliza o sistema híbrido de dois modos que a marca alemã desenvolveu em parceria com General Motors, Chrysler e Mercedes-Benz. Como os outros veículos que usam esse equipamento, o X6 tem quatro relações fixas de marchas e duas relações continuamente variáveis a partir de engrenagens planetárias e dois motores elétricos. Enquanto a maioria das aplicações de dois modos alterna entre relações fixas e continuamente variáveis, a BMW programou o sistema do X6 para emular um câmbio automático convencional de sete velocidades, com uma oitava relação usada apenas quando se desce ladeiras em ponto morto.
As marchas fixas fornecem as relações ímpares, enquanto as pares vêm das engrenagens planetárias reguladas pelos motores elétricos. Juntamente com a curva de torque nivelada do V8 biturbo, esse sistema proporciona uma excelente combinação de aceleração e economia.
O segundo truque da BMW é eliminar a estranha sensação do pedal que ocorre quando o sistema de frenagem dos híbridos distribui as tarefas de desaceleração entre os motores elétricos e as pastilhas de freio. Para isso, o X6 usa um sistema eletrônico, o que significa que o pedal de freio é basicamente apenas um interruptor elétrico. Ele nos enganou completamente – não parece nada diferente do pedal de freio de qualquer outro BMW e facilmente dá ao X6 a melhor sensação entre todos os híbridos em circulação.
O X6 pode desligar o motor V8 em velocidades de até 60 km/h e pode andar até 2,5 km apenas com o motor elétrico. O sistema é muito propenso a manter o motor a gasolina desligado no trânsito urbano, ajudando na economia de combustível. O consumo na estrada melhora em 0,43 km/l chegando a 8 km/l, mas o consumo urbano salta de 5,5 km/l para 7,25 km/l, uma melhoria de 31%.
Sistema híbrido adiciona peso a um carro já obeso, levando o ActiveHybrid X6 até escandalosos 2.580 kg
Há algumas desvantagens, é claro: o módulo eletrônico sobre o V8 causa um narigão no capô que faz o X6 parecer precisar desesperadamente de uma plástica. O sistema híbrido adiciona peso a um carro já obeso, levando o peso do ActiveHybrid X6 até escandalosos 2.580 kg. Um efeito colateral negativo desse ganho de peso é uma condução ligeiramente dura e com solavancos.
O conjunto de baterias fica localizado sob o espaço de carga em um local normalmente reservado para um estepe opcional. Mesmo com rodas de vinte e duas polegadas (que são padrão), a dirigibilidade sofre um pouco. Lembre-se, porém, que o X6 é um dos crossovers com melhor dirigibilidade no mundo.
O ganho em consumo do ActiveHybrid vem quase sem ônus para o espetacular desempenho em linha reta do X6, já que o aumento de massa é compensado pela força adicional dos motores elétricos – o motor a combustão produz 405 cv e 62,2 kgmf de torque e a potência total é de 486 cv e 79,5 kgmf. A BMW diz que o tempo de 0 a 100 km/h fica um décimo de segundo atrás do X6 xDrive50i, que cravou 5,1 segundos em nossos testes.
É claro, o X5 movido a diesel tem consumo muito melhor tanto na cidade quanto na estrada (8 km/l e 11 km/l, respectivamente), mas ele certamente não pode se lançar a 100 km/h em cinco segundos. Embora o motor a diesel pudesse ter sido uma solução muito mais simples e econômica para o X6, nada diz nos Estados Unidos “agora eu me importo com o meio ambiente” melhor do que um híbrido. Especialmente quando você está deixando carros esportivos para trás em corridas dentro da pista.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário